SP inicia audiências sobre linha do Metrô que vai ligar a capital ao ABC

@radiopiranhas

Os estudos sobre a Linha 20 – Rosa do Metrô, com traçado previsto para ligar São Paulo à região do ABC, passando pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, o principal centro financeiro da capital, entraram em nova etapa nesta segunda-feira (22), com a primeira de três audiências públicas para tratar sobre os impactos do empreendimento.

A linha deve ligar a zona oeste da capital à cidade de Santo André, onde a primeira audiência ocorreu. As outras duas sessões ocorrerão na zona sul de São Paulo, em 29 de janeiro, e em São Bernardo do Campo, em 1º de fevereiro (mais detalhes abaixo).

Na sessão, esvaziada e realizada em um teatro da cidade no fim da tarde desta segunda, representantes da sociedade civil pediram uma divulgação mais ampla das audiências e manifestaram dúvidas se o empreendimento, que tem traçados ventilados desde a década de 1990, vai realmente ser tocado agora.

Epaminondas Duarte Junior, representante do Metrô, afirmou na sessão que certos trechos e estações devem ser inaugurados antes da conclusão de todo o traçado. “Eles vão ficando prontos, sendo inaugurados e prestando serviço”, respondeu à deputada estadual Carla Morando (PSDB-SP), que participou da audiência.

O empreendimento deve ser tocado em paralelo com a extensão para o oeste da Linha 2 – Verde – que passa pela Avenida Paulista, cartão-postal da cidade e antiga detentora do título de mais importante centro financeiro de São Paulo –, com a criação da estação Cerro Corá, onde ocorrerá integração.

Em estudo, o Metrô planeja completar a extensão da Linha Verde até 2029 e o primeiro trecho da Linha Rosa, entre as estações Santa Marina e Saúde, até 2030. Em 2035, se prevê a chegada do serviço até o ABC. Estima-se inicialmente um investimento de R$ 33,5 bilhões para concluir os dois trechos e a criação da estação Cerro Corá.

Os trilhos da linha devem passar por cerca de metade da extensão da Faria Lima, entre o Shopping Iguatemi – o mais antigo de São Paulo –, ao norte, e o encontro da via com a Avenida Hélio Pellegrino, ao sul. Duas estações devem ser construídas sobre ela: a Tabapuã e a Jesuíno Cardoso, nas proximidades das ruas de mesmo nome.

Ilustração com o traçado e as paradas e integrações estudadas para a Linha 20 - Rosa do Metrô de São Paulo
Linha 20 – Rosa deve ter integrações com linhas metroviárias e de trens metropolitanos / Reprodução/Metrô de São Paulo

Proximidade e integrações

Além da Faria Lima, a linha deve passar por outros pontos de interesse da capital, como o museu de exposições imersivas – como a que está rolando agora, sobre o seriado “Chaves”MIS Experience (a 500 metros da Santa Marina) e os centros de treinamento vizinhos de São Paulo e Palmeiras (a 800 metros da mesma estação).

Ir do “Condado” para o happy hour também vai ficar mais fácil, com a estação Teodoro Sampaio próxima do bairro boêmio da Vila Madalena (menos de 1 km) e uma parada – Fradique Coutinho, da Linha 4 – Amarela, com a qual terá integração – no coração da Rua dos Pinheiros, endereço de restaurantes de gastronomias diversas.

Além das integrações com as Linhas 2 – Verde e 4 – Amarela, o serviço, que está previsto contar com 24 estações ao longo de todo o traçado, deve ter outras oito conexões com serviços metroviários e de trens metropolitanos da Grande São Paulo.

Uma das integrações deve ser com a Linha 6 – Laranja, atualmente em obras e com previsão de começar a operar em 2026. Outras duas devem ser com a 19 – Celeste – que deve ligar Guarulhos a São Paulo – e a 22 – Marrom – que deve conectar a capital à cidade de Cotia, cruzando a zona oeste –, que ainda não tiveram obras iniciadas.

Ilustração com o traçado da Linha 20 - Rosa do Metrô de São Paulo e pontos de interesse
Traçado estudado para a Linha Rosa será debatido em audiências públicas a partir desta segunda (22) / CNN

Cenário na Faria Lima

Atualmente, a região da Faria Lima, que passou de um bairro corporativo em rápida expansão nos anos 2000 para o mais importante centro financeiro de São Paulo – e, consequentemente, do Brasil – sofre com a escassez de alternativas metroviárias.

Enquanto a Paulista tem três estações – Consolação, Trianon-Masp e Brigadeiro, todas da Linha 2 – Verde e inauguradas no início da década de 1990 – que se estendem ao longo dos 2,6 km da via, a Faria Lima, que é maior – tem 4,6 km de comprimento -, conta com apenas uma.

A única estação da Faria Lima fica na altura do Largo da Batata, em Pinheiros, e carrega o nome da avenida. Inaugurada em 2010, ela faz parte do traçado da Linha 4 – Amarela, a primeira do sistema cedida à iniciativa privada.

Para sair da estação Faria Lima até o Shopping Iguatemi, é preciso caminhar cerca de 1,2 km (20 minutos). Se o destino for a sede da Google no Brasil, são 2,4 km separando os dois pontos (35 minutos).

Tamanha distância faz com que as paradas da Linha 9 – Esmeralda, de trens metropolitanos e também privatizada, acabem se tornando mais atrativas em determinados pontos – mas nem tanto: da estação Cidade Jardim até a sede brasileira da Google, por exemplo, ainda é preciso caminhar 1 km, ou cerca de 15 minutos.

Para quem não quer enfrentar caminhadas longas, restam opções como aluguel de bicicletas – com valores a partir de R$ 4,39 –, completar o trajeto com ônibus municipais – que levam cerca de 20 minutos para ir do Largo da Batata até o encontro da Faria Lima com a Hélio Pellegrino – ou recorrer a serviços de táxi e aplicativos de transporte.

Aproximação do traçado estudado para a Linha 20 - Rosa do Metrô na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima
Se traçado sair do papel, centro financeiro de São Paulo passaria a contar com três estações metroviárias / CNN

Previsões

As audiências que começam nesta segunda fazem parte do processo para o Metrô obter a licença necessária da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e dar sequência ao empreendimento. No estudo enviado ao órgão, a companhia estima que essa fase será concluída ainda no primeiro semestre deste ano.

A próxima fase, com conclusão prevista para 2026, diz respeito à elaboração do projeto da Linha 20 – Rosa, com definições como o desenho arquitetônico das estações, questões de engenharia e modelo de gestão (operação do Metrô ou concessão à iniciativa privada).

Já em 2027, o Metrô espera ter todas as licenças para as obras e as desapropriações necessárias – que ainda não estão ocorrendo, algo destacado pela companhia em alerta emitido em dezembro, após tomar conhecimento de pessoas se passando por representantes da empresa abordando moradores da zona oeste da capital.

Audiências

Quem deseja se fazer presente nas audiências públicas convocadas para discutir os estudos de impacto da Linha 20 – Rosa e da expansão da Linha 2 – Verde pode participar tanto presencial quanto virtualmente, por videoconferência. Duas sessões estão agendadas:

  • Em São Paulo, 29 de janeiro de 2024, às 17h. Local: Auditório do Centro de Integralidade do Iamspe (Rua Pedro de Toledo, 1800, Portão 2 – Vila Clementino);
  • Em São Bernardo do Campo, 1º de fevereiro de 2024, às 17h. Local: Salão Nobre da Universidade Metodista – Campus Rudge Ramos (Rua do Sacramento, 180 – Rudge Ramos).

Interessados em participar presencialmente das sessões devem acessar o site do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) das 10h às 16h (horário de Brasília) do dia da sessão e preencher um formulário de inscrição. Se virtualmente, as orientações vão estar disponíveis na aba de audiências.

Inscrições também podem ser feitas nos locais das audiências a partir das 16h. Os estudos elaborados pelo Metrô e apresentados à Cetesb podem ser acessados via Portal da Transparência ou, presencialmente, em endereços descritos em edital.

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Fonte: CNN

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